Ave, Rainha do céu; ave, dos anjos
Senhora; ave, raiz, ave, porta; da luz do mundo és aurora.
Todos sejam
bem-vindos!
Hoje,
estamos iniciando nosso estudo da Mariologia, é um estudo sobre a Mãe de Deus,
a Virgem Santíssima.
Assim nos
ensina o Catecismo da Igreja Católica:
O que a fé católica crê acerca de Maria funda-se no que ela
crê acerca de Cristo, mas o que a fé ensina sobre Maria ilumina, por sua vez, sua fé
em Cristo (CIC 487).
Veja, esse
parágrafo é fundamental, apesar dele está falando coisas meio óbvias, mas é
fundamental para estudarmos a Mariologia, e é ele que vamos estudar nesta aula.
Durante o
Concílio Vaticano II, houve um debate a respeito da Virgem Maria. Como nós sabemos, neste
Concílio, havia três grupos de padres conciliares. Havia os mais conservadores,
os da teologia das fontes, que queria uma espécie de retorno à riqueza
litúrgica, patrística e bíblica e um outro grupo que estava aberto ao mundo
moderno. Pois bem, é claro que então, havia debate.
O grupo
mais tradicional queria que houvesse um documento do Concílio a respeito da
Virgem Maria, já os outros dois grupos desejavam que este documento da Virgem
Maria fosse introduzido dentro do esquema sobre a Igreja, que seria depois a Lumen Gentium. E o
grupo inovador, desses dois grupos, foi o que venceu o debate, pois de fato, o
Concílio decidiu expressar a sua fé na Virgem Maria, dentro de um documento
sobre a Igreja, por tanto, vemos aí a íntima união de Maria e a eclesiologia.
Por sua vez, os padres conciliares mais
tradicionais estavam desconfortáveis com isso, porque reduzia Maria a algo
menor do que a Igreja, ou seja, colocava Maria numa posição inferior. Eles
queriam colocar dentro do documento, uma clara atestação de que Maria é Mãe
da Igreja, ou seja, que Maria não é somente membra da Igreja, porque de
fato Ela é, mas que Ela é também Mãe da Igreja. Então, havia essa tensão
dessa realidade: Maria como membra e Maria como Mãe.
O Papa Paulo VI, ele mesmo, tomou a iniciativa
de proclamar que Maria é Mãe da Igreja, e ao proclamar isto, ele estava dizendo
para os padres conciliares mais conservadores:
A
nossa fé é a mesma, nós continuamos na mesma fé de sempre. Maria é Mãe da
Igreja. Se nós colocamos Maria como Membra da Igreja dentro da
Constituição dogmática Lumen Gentium sobre a Igreja, é porque nós queremos
salientar o fato de que Maria tem uma posição eclesial. As duas coisas devem
ser sustentadas.
É interessante isto, com relação ao Papa Paulo
VI.
O Papa Paulo VI foi o grande timoneiro do
Concílio Vaticano II, pois ele conseguiu uma unaminidade muito feliz no
Concílio.
É impressionante nós vermos que os documentos
conciliares foram aprovados por uma unaminidade esmagadora, pois os votos
contrários aos documentos eram pouquíssimos.
Então, vemos que esse debate da Mariologia nos
coloca dentro desta realidade de que, se nós quisermos compreender Nossa
Senhora, nós devemos sempre notar que:
a
Virgem Santíssima é, ao mesmo tempo:
Membra da Igreja e Mãe da
Igreja.
Mas
se você for pensar, é um paradoxo.
Como
é possível Maria ser Mãe de um Corpo, do qual Ela mesma é membra?
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Nós
vemos também que, ao mesmo tempo, Maria é:
Filha de Deus e Mãe de
Deus.
Como
é possível ser Filha e Mãe ao mesmo tempo?
Porque
a posição da Virgem Santíssima é uma posição paradoxal.
Mas aqui, nós devemos distinguir os aspectos.
Não é uma contradição.
Como nós estamos estudando a Virgem Maria, é
preciso dizer que quando nós falamos dela, estamos sempre usando metáforas,
analogias, comparações.
Quando nós dizemos que Ela é Mãe da Igreja e Ela é Membra da Igreja, estamos usando metáforas.
Mas essas metáforas traduzem uma verdade. Então,
não vamos começar a criar contradições aonde não existe, pois as metáforas não
precisam ser levadas tão ao pé da letra.
Bom, para que colocar essa questão do Concílio
Vaticano II? Para vermos que a posição teológica da Virgem Maria dentro do Concílio,
foi colocá-la num contexto eclesial. Tantos os conversadores, como os mais
avançados queriam colocar Maria nesse contexto de Igreja, uns como Membra e
outros como Mãe, mas Maria foi sempre lida sob o prisma da eclesiologia, ou
seja, do estudo da Igreja.
Porém,
nós devemos dizer que o Catecismo da Igreja Católica no parágrafo 487, de
alguma forma, dá uma pequena correção nesse enfoque, ou seja, que se nós
quisermos compreender a função salvífica, eclesial e espiritual da Virgem, precisamos
vinculá-la a Cristo, ou seja, Maria pertence muito mais a um capitulo da
Cristologia, do que um capítulo da eclesiologia. Por que isto?
Porque Maria sendo a Mãe de Cristo, a Mãe
de Deus, que tem um papel único na salvação da humanidade, Ela só entra como
Mãe da Igreja somente na medida em que é Mãe de Cristo, ou seja, se a Igreja é
uma continuação do mistério da encarnação, se a Igreja é o Corpo de Cristo, é o
Cristo que vive ao longo da história, então, Maria sendo Mãe de Nosso Senhor
Jesus Cristo é, então, Mãe da Igreja. Mas, veja que o ponto de partida é o
relacionamento dela com Nosso Senhor, então, é por causa desse relacionamento
único com Jesus é que depois Ela tem um relacionamento único com a Igreja
também.
Então, vemos aqui que todos os
méritos que Maria Santíssima recebe são por causa de seu Filho. Todos os dogmas
Mariológicos são conseqüências dos dogmas Cristológicos.
Eclesiástico
3, 3: “Pois Deus quis honrar os pais pelos filhos”
Mas não é
possível, nós estudarmos a Virgem Maria dentro da eclesiologia, sem termos essa
chave de leitura de que, na verdade, Ela tem uma relação especial com a Igreja,
porque Ela tem uma relação especial com Jesus. E a Igreja é o Corpo de Cristo, então
é por isso, que sendo Mãe do Filho de Deus, sendo Mãe de Deus, Ela é também Mãe
da Igreja, por consequência, pois a Igreja é a extensão de Cristo ao longo da
história e também na eternidade, ou seja, é o Corpo de Cristo, é o Cristo Total.
Bom, o
parágrafo 487 diz claramente: ‘’O que a fé católica crê acerca de Maria funda-se no que ela crê acerca de Cristo’’,
aqui o Catecismo está colocando com toda clareza o fundamento Cristológico e Cristocêntrico da fé em Nossa Senhora e
aqui se revela de uma atualidade fenomenal, a teologia de São Luís Maria
Grignion de Montfort, que sempre baseou a sua Mariologia na Cristologia.
É
interessante que o próprio Papa João Paulo II, quando conta a sua vida,
conta como entrou na vida dele o Tratado da Verdadeira Devoção à
Santíssima
Virgem Maria. Quando ele era jovem e trabalhava numa mina, sentia
uma vontade de tornar a sua espiritualidade mais Cristocêntrica, pois
desde
criança, ele tinha uma grande Devoção pela Virgem Maria, porém, ele estava sentindo
uma necessidade de se voltar mais para Jesus, de falar mais com Jesus, pois achava
que estava perdendo muito tempo com Nossa Senhora e que precisava ser focar
mais em Nosso Senhor,
assim caiu nas mãos dele, esse livrinho: o Tratado da Verdadeira Devoção.
Com este
livro, ele percebeu que não existe nenhuma contradição em uma espiritualidade Cristocêntrica
e a verdadeira Devoção à Virgem Maria, porque Maria encontra o seu lugar em
Cristo, então, se eu me volto para Ela, também estou me voltando para Cristo – é
a segunda parte da nossa frase que diz: ‘’mas o que a fé ensina sobre Maria ilumina, por
sua vez, sua fé em Cristo’’, - então se eu vou a Virgem Maria, isso
vai me ajudar a compreender melhor a minha fé em Jesus e se nego a fé à
Virgem Maria, na verdade, estou apagando uma luz que me ajudaria muito a
entender Jesus. Eu não vou compreender, suficientemente, a Nosso Senhor, se eu fechar
os olhos para a realidade da Virgem Santíssima.
Algumas
frases de grandes Santos nos ajudam nessa reflexão:
‘’Por isso, desde agora as gerações hão de chamar-me
de bendita’’ (A Virgem Maria em Lucas 1, 48)
“A Santíssima Virgem é o meio de que Nosso Senhor se
serviu para vir a nós; e é o meio de que nos devemos servir para ir a ele.”
(Santo Agostinho Sermo 113 in
Nativit. Domini).
‘’Quem encontrar Maria, encontrará a Vida.’’ (São Luís Maria Grignion de Montfort)
''Foi pela
Santíssima Virgem Maria que Jesus Cristo veio ao mundo, e é também por Ela que
deve reinar no mundo.'' (São
Luís Maria Grignion de Montfort)
‘’Maria é
um lugar Santo, o Santo dos Santos, em que se formam e modelam os Santos.’’ (São
Luís Maria)
''Foi com Ela e n'Ela e d'Ela que [o Espírito Santo] formou a sua obra-prima: um Deus feito homem, e que forma todos
os dias, até o fim dos séculos, os predestinados e os membros do corpo que tem
por cabeça o adorável Jesus. É por isso que, quanto mais numa alma Ele [o Espírito
Santo] encontra Maria, sua amada e inseparável esposa, tanto mais operante e
poderoso se torna para produzir Jesus Cristo nessa alma e essa alma em Jesus Cristo.'' (São
Luís Maria Grignion de Montfort - TVD nº 20)
‘’Mãe dos
membros [de Cristo] (...), porque cooperou pela caridade para que na Igreja
nascessem os fiéis que são os membros desta Cabeça’’ (Santo Agostinho, virg. 6:
PL 40,399)
‘’Maria, Mãe
de Cristo, Mãe da Igreja’’ (CIC 963)
Não foi a Igreja Católica que deu essas Glórias, esses privilégios à Virgem Santíssima. Foi Deus, porque Ela é grandiosa na ordem da Graça e na história da Salvação. Mostre-me uma criatura que tenha gerado o Filho de Deus neste mundo, e então, eu darei a mesma honra que dou a Virgem Maria, como esta criatura não existe, então nenhuma criatura tem a honra que Maria merece. Foi uma eleição de Deus.
Não foi a Igreja Católica que deu essas Glórias, esses privilégios à Virgem Santíssima. Foi Deus, porque Ela é grandiosa na ordem da Graça e na história da Salvação. Mostre-me uma criatura que tenha gerado o Filho de Deus neste mundo, e então, eu darei a mesma honra que dou a Virgem Maria, como esta criatura não existe, então nenhuma criatura tem a honra que Maria merece. Foi uma eleição de Deus.
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